Pais e alunos protestam contra mais um adiamento das aulas presenciais do CAp-Uerj, no Rio.

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Com ensino remoto desde o início da pandemia, o Colégio de Aplicação da Uerj (CAp-Uerj) teve mais uma vez as aulas presenciais adiadas. Pais e alunos estão preocupados e fazem, na manhã desta quinta-feira (27), uma manifestação, na frente da unidade.

Eles reivindicam a volta das aulas presenciais, que estavam previstas para 7 de fevereiro. Com o adiamento, a previsão é de que as aulas só retornem em 15 de fevereiro.

A professora Clarissa Brandão, mãe da Beatriz, de 7 anos, aluna do 2º ano, diz que as crianças já estão com carga horária reduzida e teme mais prejuízos no ensino.

“A gente já está com uma carga horária reduzida há dois anos. É um déficit que as crianças têm, especialmente do ensino fundamental, que estavam passando pela fase de alfabetização e hoje com quase 8, 9 anos, continuam sem escrever e sem concluir esse processo de alfabetização direito”, disse Clarissa.

A preocupação de Clarissa se estende a outras famílias, em especial dos alunos mais novos. Alguns, como Ian Villaça Meyer, de 10 anos, aluno do 4º ano, ainda têm dificuldades com contas básicas, como multiplicação.

“Essa é uma das últimas atividades do 4º ano que estou aprendendo. Ou já aprendi. E a gente nem aprendeu a multiplicar por dois números. A gente também não aprendeu divisão. Então, as contas de somar não passam de 100 mais 200. Bem difícil”, contou o estudante.

Desde o início da pandemia, crianças e adolescentes alunos do CAp-Uerj têm aulas remotas. Mas elas não são suficientes, segundo a empregada doméstica Nalva Evangelina.

“Já se iniciou o ano de 2020 sem aula, porque eles estavam de férias. As aulas só começaram em setembro de 2020. Seis meses sem aula, mas essas aulas não foram repostas para os alunos. Aula em casa remota. Aula síncrona e assíncrona. Aula assíncronas são a matéria que o professor deixa lá para fazer e depois devolver. E as aulas síncronas, o professor está lá, presencial, aula ao vivo. Não teve todas essas aulas”, reclamou Nalva.

Os alunos do ensino médio dizem que, antes da pandemia, tinham de três a cinco tempos de aula por semana de disciplinas básicas, como português, geografia e química. E que durante o ensino remoto, esse tempo foi reduzido.

“Na aula on-line eu não tinha todas as matérias. As matérias não eram passadas totalmente, então isso foi prejudicando. A aula presencial vai ajudar muito”, disse Débora Vitória da Silva Santos, de 18 anos, do 2º ano do ensino médio.

O CAp-Uerj é o único colégio de toda a rede do estado do RJ que ainda não voltou ao ensino presencial.

Com o avanço da vacinação infantil, o desejo dos pais e dos alunos é que as aulas voltem no dia 7 de fevereiro, como afirmou o Igor Nascimento, de 13 anos, aluno do 7º ano.

“Eu estou vacinado. Já tomei primeira e segunda doses. Todos os meus amigos também já tomaram. Não tem motivo para não voltar. Professor, aluno, todos já se vacinaram. Agora é só uma enrolação desnecessária porque quem sofre sou eu, quem está se alfabetizando. É muito complicado”, disse o estudante.

A Uerj disse que as atividades presenciais no Colégio de Aplicação foram adiadas devido ao avanço da variante ômicron, no Rio. E que a previsão de retorno das aulas é a partir de 15 de fevereiro.

Já a Defensoria Pública do RJ falou que tem dialogado com a direção do CAp-Uerj para garantir o retorno das aulas presenciais no início do mês.

G1 RIO